Postado por: Natália Alves
Olá pessoal!
Bem, um Nerd que se preze está sempre atento ao que rola ao seu redor, independente do meio que seja, filmes, jogos, HQ’s, inclusive ao que acontece em seu próprio país. Então, nada melhor do que falarmos sobre a tão polêmica e já comentada, Usina de Belo Monte. Vocês com certeza já devem ter escutado sobre isso, mas ainda não chegaram a uma conclusão se ela será boa ou ruim para o Brasil. Se já chegaram, será que viram todos os lados da moeda?
Pois é, se é para causar polêmica, vamos começar com estilo.
Primeiro irei apresentar alguns dados, vou agir aqui meio como o Google para vocês, entregar o trabalho quase pronto... A conclusão será feita por quem vai ler. Há alguns dias tenho atentado para notícias, vídeos, reportagens sobre o assunto, cheguei a uma conclusão, há muito mais do que sabemos e tem muita coisa por trás dessa Usina.
- Esse projeto vem sendo estudado e está no papel desde 1970, pois é meus caros, alguns ainda nem existiam, hoje é considerada a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);
- A hidrelétrica de Belo Monte propõe o barramento do rio Xingu, localizado no Pará há 40km de Altamira, a área de alagamento é de 516 km² (esse dado anda mudando constantemente), o equivalente a um terço da cidade de São Paulo;
Foto do rio Xingu
- Será a terceira maior do mundo, perdendo apenas para a usina Três Gargantas (China) e para Itaipu (Brasil-Paraguai).
- Belo Monte terá capacidade para gerar 11.223 MW, por conta da estiagem do rio Xingu e da diminuição da área afetada, só irá gerar 4.428 MW, mas ela ainda está na “média” em relação a outras usinas;
- Na proposta feita em 2001, o governo dizia que a usina custaria R$ 10,4 bilhões. Ao pedir empréstimo ao BNDES, em 2011, o consórcio de empresas para fazer Belo Monte solicitou R$ 25 bilhões, o que representaria em torno de 80% dos custos. Logo, o custo oficial seria de R$ 31,2 bilhões. Alguém sente cheiro de superfaturamento ai? Hum;
- O Trecho de Vazão Reduzida afetará mais de 100 km de rio e isso acarretará em drástica redução da oferta de água. Duas áreas localizadas na chamada Volta Grande do Rio Xingu serão impactadas pela usina, com a diminuição do volume de água do rio.
- 20 mil pessoas serão afetadas pela usina, entre população urbana e rural.
Aqui temos um mapa que explica melhor as áreas afetadas e as populações atingidas:
- Os movimentos sociais e lideranças indígenas da região são contrários à obra porque consideram que os impactos socioambientais não estão suficientemente dimensionados; pois é, muitos estão percebendo que há dados sendo manipulados e omitidos, ê meu Brasil...;
- A região pleiteada pela obra apresenta incrível biodiversidade de fauna e flora. No caso dos animais, o EIA aponta para 174 espécies de peixes, 387 espécies de répteis, 440 espécies de aves e 259 espécies de mamíferos, algumas espécies endêmicas (aquelas que só ocorrem na região), e outras ameaçadas de extinção;
- Ah, mas é só uma hidrelétrica. Errr... Não! Foram anunciadas 45 hidrelétricas que deverão ser construídas até 2020;
- Onde será usada toda energia? A destinação de praticamente toda a energia será ao setor de eletro intensivos exportados, que exige subsídios. Ou seja, não nos afeta diretamente.
Bem, certos dados foram explanados aqui, não todos... Sim, ainda tem mais fatos a serem abordas, mas se eu for falar de todos terei que fazer duas, três, quatro edições desse post, no momento já tenho uns 40 links favoritados por aqui, imagina analisar tudo! /yaoming
Alguns nem tinham ouvido falar em Belo Monte, até que um grupo de artistas Globais resolveram meter a cara e comprar essa briga. Para quem não viu o vídeo: link. Calma, não estou apoiando-os, como todo mundo sabe a Globo sempre foi um meio de manipulação e blá blá blá...
“Ah, mas só porque uns artistas estão contra, não quer dizer que eu deva repensar e ser também. Deve ter interesses envolvidos da parte deles, podem ter sido pagos para isso..." Concordo plenamente, também achei estranha essa repentina vontade de estufar o peito e falar não para a devastação de apenas 0,01% da Amazônia. Mas temos que concordar que independente de quem esteja defendendo, a causa é justa e o vídeo serviu para ‘acordar’ quem estava dormindo.
O Brasil precisa de energia? Pergunta tola, todos sabem a resposta. Claro que precisamos! Estamos em crescimento, somos um país em destaque entre os emergentes. Somos exportadores e necessitamos mais e mais de fontes de energia.
Mas por que diabos temos que correr diretamente para essa saída? Como falei, essa usina está no papel há anos... Mas aloooww!!! Estamos em pleno século XXI, no meio dessa “moda” toda a procura de energias alternativas, fontes renováveis...Ok ok, quem me conhece sabe que eu sou uma defensora da natureza e que acredito no que para alguns é um clichê, "desenvolvimento econômico, aliado à preservação dos recursos naturais". E vão falar que as energias alternativas hoje em dia ainda são caras e inviáveis. Tsc tsc tsc... Será mesmo? Será que o que falta não é o interesse político por parte de bancos e empresários? E que tal melhorar as fontes de energia que já temos?

O cara nem é um inteligente, desculpa aê! Hahaha
Enfim, voltando ao que ele disse: “Belo Monte será "uma vergonha". [...] A começar pela sua desnecessidade, deduzida de estudo da Unicamp/WWF que mostra a possibilidade de o Brasil poder ganhar metade da energia que consome hoje se fizer programas de conservação e eficiência energética, redução das perdas nas linhas de transmissão e re-potenciação de geradores antigos."
Esse modelo ultrapassado de gestão e distribuição de energia a longas distâncias indica que o governo federal deveria planejar sua matriz energética de forma mais diversificada, melhor distribuindo os impactos e as oportunidades socioeconômicas (ex.: pequenas usinas hidrelétricas, energia de biomassa, eólica e solar) ao invés de sempre optar por grandes obras hidrelétricas que afetam profundamente determinados territórios ambientais e culturais, sendo que as populações locais, além de não incluídas nos projetos de desenvolvimento que se seguem, perdem as referências de sobrevivência e até de cultura.
Há pouco tempo apareceu outro vídeo, que também está gerando um burburinho na internet, esse foi feito por estudantes da Unicamp que apóiam veemente a Belo Monte... Mas veja só o que eu descobri o professor que deu a idéia a eles e que passou uma ‘ata para quem quisesse participar por livre e espontânea vontade’, é dono de uma empresa que tem interesse na construção da Usina, a Tecnométrica. Aqui está o vídeo.
A Belo Monte já foi avaliada em vários preços, por diversas fontes, entre 15 e 31 bilhões de reais, sabe quanto custou a Itaipu? Trinta bilhões de reais e é a maior hidrelétrica do mundo... Queridos Nerds, tirem suas conclusões! Será que um caixa dois não tá rolando por ai? E é por isso que o governo quer tanto passar por cima de tudo e de todos para aprovar a construção da mesma? Será que não há interesses de empresas envolvidas?
Olhem quantas estão participando da construção e devem sim, apresentar uma grande influência e pressão na decisão final:
E quem vai pagar? Eu, você, seu vizinho... Pois é, 80% sairão do nosso bolso, o seu eu não sei, mas o meu já anda quebrado e ainda querem meter a mão nele sem nos esclarecer devidamente esse projeto.
Várias empresas tiraram o corpo fora dessa empreitada, porque no leilão feito para decidir quem iria se envolver mostraram um custo fictício na geração de energia R$ 78 o megawatt-hora, fictício sim, pois segundo professor da USP Célio Berman, respeitado especialista na área energética do país, e ex-assessor de Dilma Rouseff no Ministério de Minas e energia esse custo não remunera o capital investido. Berman ainda fala o seguinte : “Há as pessoas que ganham pela obra – fabricantes de equipamentos, empreiteiras. E há quem ganhe não financeiramente, mas politicamente, por permitir que essa articulação seja possível, porque é esse pessoal que vai bancar a campanha para o próximo mandato. É a escolinha ou o posto de saúde que eventualmente aquele vereador, aquele prefeito vai dizer: “É obra minha!”. É isso que está em jogo. É dessa forma que a cultura política se estabelece hoje no nosso país. Isso precisa mudar. Como? É complicado.”
De acordo com FELÍCIO PONTES JR., procurador da República no Pará, “Os custos finais de Belo Monte ainda são incertos, graças ao descumprimento das leis do licenciamento ambiental em vários momentos. Conforme apontou o relatório de análise de riscos feito por especialistas e intitulado "Megaprojeto, Megarriscos", Belo Monte tem elevados riscos associados a incertezas sobre a estrutura de custos de construção do empreendimento, referentes a fatores geológicos e topológicos, de engenharia e de instabilidade em valores de mercado. Tem elevados riscos financeiros relacionados à capacidade de geração de energia elétrica, que é muito inferior à capacidade instalada. E tem riscos associados à capacidade do empreendedor de atender obrigações legais de investir em ações de mitigação e compensação de impactos sociais e ambientais do empreendimento.
Assim, computando-se todos os custos socioambientais que normalmente estão fora do orçamento das hidrelétricas na Amazônia e mais os incertos custos da própria obra (como escavações), pode-se afirmar que o valor da energia solar já é competitivo com o de Belo Monte.”
Olha ae, preciso nem comentar, não é mesmo?
O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que o Brasil possui um potencial para produzir energia elétrica com bagaço e palha da cana-de-açúcar equivalente a três usinas de Belo Monte.
A população do Pará está divida, uns acham que a usina trará progresso, empregos e desenvolvimento para toda a Amazônia... Nossa, se o governo desse certeza disso, apoiaria com uma bandeira na mão essa construção. Mas vamos olhar para o passado, veja as usinas de Tucuruí (PA) e Balbina (AM), as últimas construídas na Amazônia, nas décadas de 1970 e 1980. Desalojaram comunidades, inundaram enormes extensões de terra e destruíram a fauna e flora daquelas regiões. Balbina significou a inundação da reserva indígena Waimiri-Atroari, mortandade de peixes, escassez de alimentos e fome para as populações locais. A compensação, que era o abastecimento de energia elétrica da população local, não foi cumprida. O desastre foi tão grande que, em 1989, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), depois de analisar a situação do Rio Uatumã, onde a hidrelétrica fora construída, concluiu por sua morte biológica. Em Tucuruí não foi muito diferente. Quase dez mil famílias ficaram sem suas terras, entre indígenas e ribeirinhos.E a outra parte tem medo que isso se repita, que só resulte na destruição de um povo, de uma fauna, de uma flora e de uma cultura.
“Mas a Amazônia é devastada TODOS os dias”, exatamente por isso, ela já é tão desmatada, de formas legais e principalmente ilegais que não temos o direito de achar algo banal mais destruição e ainda envolvendo ‘brincar’ com a moradia de quem já é nativo da região.
Não sou contra o progresso, ainda quero jogar o meu play3, acessar minhas redes sociais, nossa, com certeza não viveria sem energia... Mas eu quero que ela seja obtida por um meio limpo e legal!
Professor da UFPA e doutor em ecologia, Hermes Fonsêca Medeiros, defende que a obra geraria milhares de empregos, mas, ao final dela, restariam apenas 900 postos de trabalho, o que levaria a população que se instalou na região ao envolvimento com o desmatamento, pois não há vocações econômicas desenvolvidas na região. A hidrelétrica irá, segundo ele, atingir 30 terras indígenas e 12 unidades de conservação. Outro detalhe, segundo o professor universitário, é que a hidrelétrica precisaria de outro Rio Xingu para produzir o ano todo.
Outro ponto que o próprio governo do Pará apresenta, é a falta de infra-estrutura no Estado. A prefeitura chegou a pedir na penúltima semana do mês de novembro, a suspensão das obras da usina, pois das obras de emergência que foram prometidas pela Norte Energia para que conseguisse licença na construção da Belo Monte, apenas 5% foi entregue. E claro, que o nosso querido governo, que pelo visto tem rabo preso nisso tudo, resolveu apenas negociar um novo prazo, o famoso “jeitinho brasileiro”...
Foi realizado entre 20 e 25 de fevereiro de 1989, em Altamira (PA), o I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu, reuniu três mil pessoas - 650 eram índios - que bradaram ao Brasil e ao mundo seu descontentamento com a política de construção de barragens no Rio Xingu.
A manifestação pretendia colocar um ponto final às decisões tomadas na Amazônia sem a participação dos índios. Tratava-se de um protesto claro contra a construção de hidrelétricas na região.
Em 2008, 19 anos depois, realizou-se em Altamira o II Encontro dos Povos Indígenas do Xingu e daí nasceu o Movimento Xingu Vivo para Sempre.Na memória dos brasileiros, o encontro ficou marcado pelo gesto de advertência da índia kaiapó Tuíra, que tocou com a lâmina de seu facão o rosto do então diretor da Eletronorte, José Antônio Muniz.
Essas questões continuam a ser repisadas pelos movimentos sociais que atuam na região, como por exemplo, o Movimento Xingu Vivo para Sempre, criado recentemente, e que reúne os que levam adiante a batalha contra a construção de Belo Monte e de outras hidrelétricas no Rio Xingu. Por falar nesse movimento, nossa querida Dilma ficou contrariada por conta de um protesto feito por um dos alunos premiados no Prêmio Jovem Cientista, a aluna Ana Gabriela Person Ramos da Escola Técnica Conselheiro Antônio Prado, de Campinas, em São Paulo. Com duas faixas pintadas no rosto e com a frase "Xingu Vive" escrita no braço, Ana Gabriela pediu para Dilma parar as obras de Belo Monte. Como resposta, segundo contou depois, recebeu da presidente apenas um "ah, tá".
“Ah tá”, Dona Dilma? É assim que a senhora trata esse assunto? Com esse desdém? Palmas para a senhora.
E é isso, quem vai erguer essa lâmina hoje? Artistas globais, estudantes da Unicamp? Doutores? Cientistas? E é aqui que eu espero uma conclusão de vocês, e como o Sr. Célio Bermann falou, a política nacional do nosso país deve mudar, complicado? Complicadíssimo, mas nosso voto pode fazer isso.
Apresentei os vários lados da moeda, muitos podem falar que eu fui tendenciosa para o lado contra, eu realmente fui. Eu sei que a usina tem os seus pontos positivos, mas para mim os pontos negativos prevalecem. Precisamos pesar os fatores socioeconômicos e ambientais, um não pode ser esquecido porque o outro vale mais à pena, e como eu já disse... Não se trata só de desmatar uma pequena área para construir uma usina hidrelétrica. Mas de usar esse momento para olhar para a política energética do país e avaliar o que está envolvido nisso tudo, quem tá ganhando e quem tá perdendo? Será que foi tudo explicado e ponderado?
Abaixo apresento alguns links de reportagens e vídeos que são interessantes:
- Debate realizado entre Philip Fearnside, cientista e um dos nomes mais respeitados mundialmente, pesquisador do INPA, ganhador de diversos prêmios e um dos cientistas mais mencionados no meio do Aquecimento Global e o Professor Sebastião Amorim, engenheiro eletrônico do ITA, PhD em estatística e professor de estatística da Unicamp e o mentor do movimento “Tempestade em copo d’água”. - link.
- "À Margem do Xingu - Vozes Não Consideradas" - link.
- Belo Monte - Os Diferentes Discursos deradas" - link.
- PAINEL DE ESPECIALISTAS, Análise Crítica do Estudo de Impacto Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte - link.
- Marina Silva fala sobre a Usina Belo Monte - Hidrelétrico de Belo Monte - link.
- Belo Monte, nosso dinheiro e o bigode do Sarney - link.
- Relatório do IBAMA como o fator contrário à Belo Monte. - link.