Tá, ótimo. Marvels... Eu nunca tive oportunidade de ler este quadrinho antes da publicação quinzenal da Salvat. Meu interesse não surgiu talvez porque eu não me familiarize muito bem com a arte do Alex Ross. Eu criei uma certa repulsa por ele, talvez eu me arrependa de ter escrito isso aqui, afinal, todo e qualquer leitor de quadrinho praticamente AMA o Ross e não aceita nenhum tipo de crítica ao trabalho dele, sendo a atestar como sacrilégio uma crítica negativa à um tremendo "Deus da ilustração". Mas calma, não é assim também não. Minha birra surgiu após o Reino do Amanhã, um trabalho feito em parceria com Mark Waid que eu gosto demais, no qual eu notei que ele tem uma mania meio estranha de deixar os personagens com um aspecto meio obeso e com cara de Síndrome de Down. E não me venha falar que não é assim. A retratação do Superman e do Shazam do Alex me faz pensar que a Liga da Justiça come oito refeições diárias com base em pizzas de bacon e rodízio de picanha, com direito de 14 costelinhas nas sextas-feiras e pudim nas quartas - exemplo ao lado.
Enfim, quando a moça da banca me ligou dizendo que Marvels havia chego pela Salvat, me correu um enorme frio na barriga. No mesmo momento larguei tudo que estava fazendo e subia até a banca para comprar. Cheguei em casa sem saber muito o que esperar prometendo pra mim mesmo que não me deixaria levar por birras infantis contra o Ross e daria o máximo de mim para a apreciar a obra com a devida atenção. Cheguei e larguei o exemplar na mesa de centro e continuei o que estava fazendo, sempre parando de 10 em 10 minutos para dar uma folheada, lendo uma página por vez. Não sei o que deu em mim, até o momento que decidi finalmente sentar no sofá da sala e ler aquilo de uma vez por todas.
Meu Deus, que fantástico! A abordagem de um ponto de vista completamente diferente dentro do Universo Marvel me fez pirar. A ideia do roteiro de Kurt Busiek de mostrar o ponto de vistas dos cidadãos Nova Iorquinos sobre toda essa loucura que chegou de um dia pro outro pra ficar, mostrando o medo, as incertezas, as frustrações de famílias e pontos de vista de trabalhadores pacatos foi uma ideia de gênio. Fiquei decepcionado comigo mesmo por não ter tido o interesse de correr atrás da obra mais cedo. Mais uma vez minhas birras me fodendo na vida.
Como eu disse, a premissa foi ter como personagem principal da história, um cidadão comum de Nova York para que fosse possível transmitir a emoção dessa loucura toda por meio de espectadores que nada podem fazer quando as coisas saem de controle além de esperar pelo pior. O personagem principal é um fotógrafo/jornalista chamado Phil, que possui sonhos, o emprego que ama e planeja se casar em breve. A premissa não ficou só na teoria, foi possível mostrar a emoção da coisa em cada página, evidenciando em termos de proporção, o convívio com "maravilhas" e Deuses do novo mundo que veio a surgir.
É muito interessante o modo como as opiniões do público são facilmente influenciadas pela mídia, talvez seja o ponto mais interessante de toda a obra. Uma visão mais macro da parada te faz perceber certinho a forma como as pessoas temem o "novo" e o enxergam como mal e a morte, e de como com o tempo, as opiniões vão mudando a respeito surgindo uma confiança e respeito. A forma como os boatos correm e são distorcidos, e fazem as pessoas verem os heróis como uma ameaça, desde a chegada do primeiro Tocha Humana até ao nosso Cabeça de Teia. É brilhante, dando minha nota agora eu diria é 10/10.
Sei que faz muito tempo que não posto o NerdComics, vou tentar aproveitar ao máximo o meu tempo livre a partir de agora pra correr atrás do tempo perdido, vou tentar colocar em dia todas as edições da Salvat até agora. Prometo dois por semana, pelo menos por enquanto. Mas prometo não prometendo. É, vocês sabem como funciona...
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